OS TUPI
Dentro dos povos Tupi a família Tupi-Guarani se destaca pela grande extensão territorial sobre o qual estão distribuídos os falantes de suas línguas.
No século XVI se encontram em todo o litoral atlântico do Brasil e na bacia do Rio Paraná.
Hoje as línguas Tupi-Guarani são faladas no Maranhão, no Pará, Amapá, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul.
Ao todo são 21 línguas vivas, faladas por cerca de 40.000 pessoas. Os povos com maior número de falantes no Brasil são os Kaiowá (Mato Grosso do Sul) e os Tenetehara (Guajajara e Tembé – Maranhão).
Fora do Brasil línguas Tupi-Guarani são faladas na Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Paraguai e Argentina.
De fato, dentre todos estes povos que falam línguas tão próximas, encontramos desde bandos de caçadores nômades (Guajá, Xeta) até as gigantescas aldeias históricas dos Tupinambá, tecnologicamente avançadas com uma economia sofisticada. Desde grupos que se organizam em grupos familiares quase independentes, à sociedades estruturadas em clãs (Surui, Wayãpi), ou nas duas metades (Tapirapé, Parintintin).
Também variam, entre os povos Tupi, o estilo das aldeias e as formas das casas, as terminologias de parentesco, as estruturas cerimoniais, a atitude face à guerra, a importância do xamanismo.
É por tudo isso que ao falar dos Tupi, nem tudo que dissermos se aplica a todos os grupos.
FORMATO DA ALDEIA:
Os Tupi não dependem exclusivamente do território grupo. O Tupi leva o seu mundo "dentro" de si. Vai para São Paulo, arruma a casa onde encontra lugar e lá reproduz o seu mundo. As aldeias Tupi geralmente se apresentam aparentemente desordenadas.
No encontro com a sociedade branca os tupi, ao contrário dos Jê, dão uma impressão de "fraqueza", de fácil assimilação, de mais proximidade com o mundo do branco. Parecem não ter defesa, deixam com facilidade características externas culturais para assumir as do mundo que os rodeia.
Por causa disso, alguns estudiosos previam a assimilação rápida destes grupos e o seu desaparecimento num curto período de tempo. Ao contrário, os reencontramos bem vivos depois de cinco séculos e nas mais diferentes condições de ambiente e de contato.
Esta chamada fraqueza na realidade é a maior força deste povo, pois é por ela que ele é capaz de "absorver" traços culturais prevalecentes na região, de reorganizá-los dentro de seu próprio mundo sem renunciar a ele.
O Tupi-Guarani pode se conservar como tal numa grande metrópole como São Paulo. Você passa perto, fala com ele, não repara diferença, mas ele, o índio Tupi-Guarani traz consigo todo o seu mundo, é "o outro", "o diferente".
Alguns antropólogos acham que a raiz desta força esteja no plano transcendental, na mitologia e cosmologia.
Como dissemos a variedade entre os Tupi não nos permite dar uma única interpretação.
O PAJÉ TUPI
O Pajé ou Xamã é um elemento importantíssimo na vida de um povo Tupi. Ser pajé não é um cargo, é uma qualidade, um atributo. O pajé é aquele que consegue entrar em contato com o além e controlar as forças em benefício da comunidade.
Por esta qualidade ele é muito considerado e respeitado, mas ao mesmo tempo responsabilizado pelas desgraças e as vezes morto por isso.
Os Guarani desenvolveram uma figura muito importante: a do Profeta. O profeta é uma espécie de divindade encarnada.
O profeta não pertence a alguma aldeia em particular. No passado o profeta morava fora da aldeia e ia de comunidade em comunidade levando a mensagem do paraíso.
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